Confira a íntegra do artigo publicado por mim no Jornal O POPULAR desta quarta-feira (29):
Em 2021, o Projeto de Lei 399/15 teve um parecer favorável à legalização do plantio da cannabis no Brasil, destinada à produção de medicamentos para tratamento de doenças como epilepsia, esclerose múltipla, Alzheimer e Parkinson e, também, para uso veterinário e industrial. Desde então, o Projeto aguarda a análise do plenário da Câmara. Fato é que já existe um mercado internacional que faz girar bilhões de dólares anualmente em torno do cultivo e do uso medicinal da cannabis e que o Brasil segue de fora deste mercado. Goiás tem um potencial enorme para liderar a plantação e produção no país e segue aguardando a autorização legal.
Mais de 40 países já regulamentaram o cultivo e o uso medicinal da cannabis, sendo Canadá o maior exportador do planeta deste produto, atingindo U$ 1 bilhão por ano. Recentemente, a Colômbia entrou na disputa ao legislar o plantio, atraindo mais de U$ 2,6 bilhões em investimento de multinacionais no cultivo e produção de cannabis medicinal no país. Nos EUA, já há produção em 38 estados; segundo o departamento de agricultura americano, 11,5 milhões de hectares já produzem mais de US$ 200 milhões. Produtores já trocaram a produção da soja pela cannabis.
No Brasil, entre 2015 e 2020, o crescimento da importação por pessoas físicas e associações de defesa de pacientes de medicamentos à base de cannabis cresceu 1.800%, segundo dados da Agência de Vigilância Sanitária. Ações judiciais aumentam ano após ano para o cultivo e produção medicinal da cannabis. Tudo isso porque nossa legislação ainda não avançou junto com a ciência. E não é por falta de empenho científico, a Universidade de São Paulo (USP) é a universidade que mais publica artigos científicos sobre o cannabidiol no mundo, mostrando o potencial já instalado em nosso país.
Caso regulamentemos a produção de cannabis medicinal com celeridade, é possível que isso revolucione o mercado agropecuário brasileiro. Goiás tem clima favorável durante todo o ano, com um posicionamento geográfico privilegiado, um grande polo farmoquímico já consolidado e uma capacidade agrária consolidada, potencial para liderar a produção do medicamento no país.
Atualmente, os medicamentos à base de cannabis chegam a custar R$ 3 mil para quem possui decisão judicial favorável, o que é praticamente inviável para grande parcela da população. Produzir esses medicamentos permitiria baixar o preço e melhorar a qualidade de vida de milhares de brasileiros, sem dores e sem dívidas criadas para ter acesso ao tratamento.
Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis apontam que mais de mil produtos podem derivar do cânhamo, que é a cannabis com baixíssimo teor de THC. Os produtos vão de indústria farmacêutica a indústria têxtil, englobando até mesmo a construção civil. A planta, por sua vez, pode ser utilizada na produção de plástico sustentável, papel, fertilizantes e biocombustíveis. A expectativa é de que esse mercado possa inserir mais de US$ 30 bilhões por ano na economia.
Goiânia já foi precursora e deu o pontapé para a distribuição gratuita em Goiás, temos força para transformar a economia goiana. Arrisco dizer que, caso o plantio da cannabis medicinal seja liberado, a cannabis medicinal pode se tornar a nova soja.